Plano de Curso da disciplina Direitos Humanos e Cidadania, Turma B – História da Ditadura e da Luta Armada no Brasil, oferecido pela Universidade de Brasília, Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares, CEAM, Núcleo de Estudos da Paz e dos Direitos Humanos, NEP
Prof.-Dr. Hugo Studart
Carga Horária: 60h
Dia e horário das aulas: terça-feira, das 19h às 22h40
Local: Pavilhão João Calmon – BT 61
2 – Ementa
O curso destina-se preferencialmente aos estudantes de graduação que necessitem de leituras dirigidas, interpretações e de fundamentação histórica e teórica para a compreensão da Ditadura Militar e da Luta Armada no Brasil, com a conceituação de questões como golpe e revolução, ação e reação, estratégias de resistência negociada ou de confronto, sempre em diálogo com questões do tempo presente.
- Metodologia
Aulas presenciais expositivas do professor apresentando uma panorâmica sobre o período, indicação de interpretes e de bibliografia mínima, seminários dos alunos para o aprofundamento nos temas de maior interesse.
- Avaliação
Os critérios utilizados para o processo de avaliação são os seguintes: 1. Presença e participação em sala; 2. Seminários em grupo; 3. Fichamento de 2 textos selecionados; 4. Prova final para os que não tenham alcançado a pontuação mínima necessária.
Presença e participação em sala: refere-se à participação do estudante no desenvolvimento das aulas, exposição de ideias, exemplificação e comentários a partir das leituras realizadas e de fatos atuais (Até 1 ponto na nota final)
Seminário em Grupo: Os GTs deverão apresentar o texto do seminário com PowerPoint e entregar um fichamento coletivo do referido texto. O professor indicará a bibliografia específica para cada seminário. Ao final, comentários complementares do professor. (Até 3 pontos na nota final).
Fichamento dos textos selecionados: trata-se da sistematização das ideias principais dos autores selecionados para estudo, percorrendo a estrutura do texto e a sequência do pensamento do autor. Os fichamentos deverão ser entregues ao longo do curso, no início de abril, de maio e de junho, em datas a serem apontada pelo professor. (Até 6 pontos na nota final).
Prova Final: Aqueles alunos que porventura não tenham alcançado nota mínima com os seminários e fichamentos, terão a opção de fazer uma prova final, com 5 questões dissertativas (2 pontos cada).
- Conteúdo Programático e Cronograma de Atividades
Atividades |
1. 06/03
Aula de Abertura 1.1. Apresentação do professor: interpretações sobre 1964 e sobre a luta armada. 1.2. Apresentação do conteúdo didático e da organização dos seminários.
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2. 13/03
Origens do movimento comunista brasileiro 2.1 – Fundação do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Coluna Prestes e o mito do Cavaleiro da Esperança. Crescimento do PCB na década de 1930, a Intentona Comunista de 1935, o cárcere dos dirigentes, a legalização do partido em 1945. 2.2 – A crise internacional do comunismo, as denúncias de Kruchóv contra Stalin, o racha da China, a crise do PCB, os expurgos no Brasil, a fundação do PC do B e a fragmentação do Partidão.
3. 21/03 Nascimento do Partido Fardado
4. 27/03 O Trabalhismo no poder 4.1.Ascensão de João Goulart, a força do sindicalismo e as reformas de base. Ligas Camponesas, Trombas de Formoso, a Ação Popular e a esquerda católica. Comício da Central do Brasil (RJ). 4.2. A reação conservadora, o Ibad e o general Golbery. A pesquisa de René Dreyfuss sobre a interferência dos EUA. As marchas da família com Deus pela liberdade.
5. 03/04 O Golpe de 1964 5.2. As cassações políticas, a instauração do bipartidarismo, as reformas econômicas conservadoras. Principais personagens civis: governadores e ministros.
6. 10/04 Organizações da Luta Armada 6.2. A Teoria do Foco Guerrilheiro de Regis Debray. Panorâmica das 47 organizações de vanguarda.
7. 17/04 Ações armadas de impacto
8. 24/04 Formação do Aparelho da Repressão
9. 08/05 A repressão na prática: tortura e execuções
10. 15/05 Preparativos da Guerrilha Rural
11. 22/05 A Guerrilha do Araguaia
12. 29/05 Ascensão e Queda do Brasil Grande
13. 05/06 A luta pela redemocratização 13.2. O PCB e a tese de Gramsci. As eleições de 1970 e a ascensão do MDB nas eleições de 1974. A liderança de Ulysses Guimarães e outras personalidades relevantes da oposição. A ditadura acuada pelas lutas pacíficas. O Pacote de Abril. A Campanha da Anistia; a volta dos exilados, as eleições de 1982, a Campanha pelas Diretas Já; a ascensão de Tancredo Neves (e de José Sarney). A queda da ditadura pelas portas dos fundos.
14. 12/06 Para nunca mais esquecer 14.1. O que é golpe? Uma discussão conceitual sobre golpe e revolução, ação e reação, estratégias de resistência negociada ou de confronto, em diálogo com o golpe parlamentar-judiciário de 2016 que impôs o impeachment da presidenta Dilma Rousseff.
15. 19/06 Prova final
16. 26/06 Entrega últimos trabalhos. Encerramento da disciplina
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O planejamento está sujeito a pequenas alterações durante o semestre, de acordo com o desenvolvimento dos trabalhos e as necessidades da turma.
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- Bibliografia
Origens do Movimento Comunista no Brasil
MEIRELLES, Domingos. As Noites das Grandes Fogueiras – Uma história da Coluna Prestes. Rio de Janeiro: Record, 2001.
MORAIS, Fernando. Olga. São Paulo: Ômega, 1985.
SILVA, Hélio. História da república brasileira. São Paulo: Três, 1975
WAACK, William. Camaradas. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
Os militares na política
FERREIRA. Oliveiros. Vida e morte do partido fardado. São Paulo: Senac, 2000.
ROUQUIÉ, Alain (org.). Os partidos militares no Brasil. Rio de Janeiro: Record, 1980.
STEPAN, Alfred. Os militares na política. Rio de Janeiro: Artenova, 1975.
Era Vargas, JK e Jango
FERREIRA, Jorge e DELGADO, Lucília de Almeida Neves. O Brasil Republicano. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.
MELLO, José Carlos. Os tempos de Getúlio Vargas. Rio de Janeiro: Topbooks, 2011.
VIEIRA, Fernando Aquino, AGOSTINO, Gilberto e ROEDEL, Hiran. Sociedade Brasileira: Uma História Através dos Movimentos Sociais. Vol. I e II. 1a ed., São Paulo: Record, 2000.
SCHWARCZ, Lilia. STARLING, Heloísa. Brasil: Uma Biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
WEFFORT, Francisco. Formação do Pensamento Politico Brasileiro: Ideias e Personagens. São Paulo: Ática, 2006.
Guerra Fria e ideologias radicais
ARENDT, Hannah. Origens do Totalitarismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
BEBIANO, Rui. O poder da imaginação – juventude, rebeldia e resistência nos anos 60. Coimbra: Angelus Novus, 2003.
BOBBIO, Norberto. Esquerda e Direita. São Paulo: Ed. Unesp, 1995.
CARDINA, Miguel. A esquerda radical. Coimbra: Angelus Novus, 2010.
CARVALHO, Luiz Maklouf. Mulheres que foram à luta armada. São Paulo: Globo, 1998.
FERREIRA, Oliveiros. Os 45 Cavalheiros Húngaros – Uma leitura dos Cadernos de Gramsci. Brasília: Editora Universidade de Brasília; São Paulo: Hucitec, 1986.
HOBSBAWM, Eric. A Era dos Extremos: O breve século XX. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
MIR, Luis. Partido de Deus – Fé, Poder e Política. São Paulo: Alaúde, 2007.
SILVA, Carla Luciana; CALIL, Gilberto Grassi; SILVA, Marcio Antônio Both. (orgs.). Ditaduras e democracias: estudos sobre poder, hegemonia e regimes (1945- 2014). Porto Alegre: FCM, 2017.
O Golpe de 1964
BAHIANA, Ana Maria. Almanaque 1964 – Fatos, histórias e curiosidades de um ano que mudou tudo. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.
BRANCO, Carlos Castello. Os Militares no Poder. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1977.
DREIFUSS, René. 1964: A Conquista do Estado. Petrópolis: Vozes, 1981.
FICO, Carlos. Além do Golpe – versões e controvérsias sobre 1964 e a Ditadura Militar. Rio de Janeiro: Record, 2014.
GASPARI, Elio. Trilogia da Ditadura. A ditadura envergonhada, A ditadura escancarada; A ditadura encurralada. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
NAPOLITANO, Marco. O Regime Militar Brasileiro- 1964-1985. São Paulo: Atual.
REIS FILHO, Daniel Aarão. A revolução faltou ao encontro. São Paulo: Brasiliense, 1990.
REIS FILHO, Daniel Aarão; RIDENTI, Marcelo; SÁ MOTTA, Rodrigo Patto. A ditadura que mudou o Brasil – 50 anos do golpe de 1964. Rio de Janeiro: Zahar, 2014.
REIS FILHO, Daniel Aarão. Ditadura militar, esquerdas e sociedade. Rio de Janeiro: Zahar, 2000
RICHOPO, Neide. A esquerda no Brasil: um estudo de caso. Tese de Mestrado apresentada ao Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo, USP. São Paulo: 1988.
SKIDMORE, Thomas. Brasil: de Castelo a Tancredo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.
A luta armada urbana
GABEIRA. Fernando. O que é isso, companheiro? Rio de Janeiro: Pasquim, 1979.
GORENDER, Jacob. Combate nas Trevas. 5a ed., São Paulo: Ática, 1999.
JOSÉ, Emiliano, MIRANDA, Oldack. Lamarca: o capitão da guerrilha. São Paulo. Global Editora, 2000
MAGALHÃES, Mário. Marighella: O guerrilheiro que incendiou o mundo. São Paulo: Companhia das Letras. 2016
MIR, Luís. A Revolução Impossível – A esquerda e a luta armada no Brasil. São Paulo: Best Seller; Círculo do Livro, 1994.
MOCELLIN, Renato. Reações Armadas ao Regime de 64: Guerrilha ou Terror? São Paulo: Editora do Brasil, 1999.
NOVA, Cristiane; NÓVOA, Jorge. Carlos Marighella: O homem por trás do mito. São Paulo: Unesp, 1999.
PATARRA, Judith Lieblich. Iara. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1993.
SIRKYS, Alfredo. Os Carbonários. 14ª ed., São Paulo: Record, 1998
Guerrilha do Araguaia
AMORIM, Carlos. Araguaia: Histórias de amor e de guerra. Rio de Janeiro: Record, 2014.
CAMPOS FILHO, Romualdo Pessoa. Guerrilha do Araguaia – Esquerda em Armas. 2ª ed. São Paulo: Anita Garibaldi, 2012.
JOFFILY, Bernardo. Osvaldão e a Saga do Araguaia. São Paulo: Expressão Popular, 2008.
MORAIS, Taís e SILVA, Eumano. Operação Araguaia – Arquivos Secretos da Guerrilha. São Paulo: Geração Editorial, 2005.
STUDART, Hugo. A Lei da Selva: Estratégias, Imaginário e Discurso dos Militares sobre a Guerrilha do Araguaia. São Paulo: Geração, 2006.
STUDART, Hugo. Em algum lugar das selvas amazônicas: as memórias dos guerrilheiros do Araguaia. Brasília: Universidade de Brasília, tese de doutorado, 2014.
A repressão militar
ARGOLO, José; RIBEIRO, Katia; FORTUNATO, Luiz Alberto. A direita explosiva no Brasil – a história do grupo secreto que aterrorizou o país em suas ações, atentados e conspirações. Rio de Janeiro: Mauad, 1996.
FICO, Carlos. Como eles agiam – subterrâneos da Ditadura Militar. Rio de Janeiro: Record, 2001.
FIGUEIREDO, Lucas. Ministério do Silêncio: A história do serviço secreto brasileiro de Washington Luís a Lula –1927-2005. Rio de Janeiro: Record, 2005.
GODOY, Marcelo. A casa da vovó. São Paulo: Alameda, 2015.
MEDEIROS, Lucília Atas. No Avesso do Paraíso – vida clandestina nos tempos dos generais. Rio de Janeiro: LF Editorial, 2010.
NAFFAH NETO, Alfredo. Poder, vida e morte em situação de tortura – esboço de uma fenomenologia do terror. São Paulo: Hucitec, 1985.
Justiça de Transição – A luta pela reparação
ARENDT, Hannah. Responsabilidade e Julgamento. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
CARNEIRO, Ana: e CIOCCARI, Marta. Retrato da Repressão Política no Campo: Brasil 1962-1985 – Camponeses Torturados, Mortos e Desaparecidos; Direito à Memória e à Verdade. Brasília: Ministério do Desenvolvimento Agrário, Dezembro 2011.
MONTENEGRO, Antonio T., RODEGHERO, Carla S., ARAÚJO, Maria Paula (Org.). Comissão de Anistia (Brasil). Marcas da memória: história oral da anistia no Brasil. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2012.
POLLAK, Michael. “Memoria, esquecimento, silêncio”. In: Revista Estudos Históricos. Rio de Janeiro: vol 2, nº 3, 1989.
REPÚBLICA, Presidência da. Direito à Memória e à Verdade. Brasília: Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos do Ministério da Justiça e Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2007.
RANCIÈRE, Jacques. O ódio à democracia. São Paulo: Boitempo, 2014.
RICOEUR, Paul. A memória, a história e o esquecimento. Campinas: Unicamp, 2010.
SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula (Orgs.). Epistemologias do Sul. Coimbra: Almedina, CES, 2009.
SÃO PAULO, Mitra Arquidiocesana de. Brasil: Nunca Mais. Tomos I a VI. Petrópolis: Vozes, 1985-1988.